Uma das mais marcantes características dos filhos de Gabriel e Adma Aun foi a hospitalidade. Em alguns deles, quase uma arte. O prazer de estar na casa de tio Elias e tia Olinda, por exemplo, em Belo Horizonte, nos animava a enfrentar as centenas de quilômetros que separavam a capital mineira do interior de São Paulo. Mais que receber, o casal sabia realmente acolher.
E acolhimento foi algo que tio Elias nunca economizou, nem mesmo como o grande empresário do ramo de fotografia e material fotográfico que se tornou. Empreendedor, extremamente criativo, estimulava a crescer todos ao seu redor: funcionários, clientes, fotógrafos amadores e profissionais.
Era um apaixonado pela vida - o que é a fotografia se não o desejo de eternizá-la? E pareceu sempre um menino encantado pela missão de revelar a todos esta visão do viver.
Este livro recupera um pouco - muito pouco, na verdade, apesar de suas centenas de páginas - das histórias protagonizadas por Elias Aun. E esta recordação tão vívida dele devemos muito ao seu primogênito, Pedro, que transformou em literatura as lembranças que ouviu do pai já bem idoso. Nosso primo criou uma oportunidade para que possamos, todas as gerações que vieram e virão depois, conviver mais um pouco com tio Elias. E nos espelhar nas suas "invenções de moda" para nos tornarmos mais dignos da vida.
Zuleika Aun
O autor
Elias Aun nasceu em Damour, no Líbano, em 18 de agosto de 1903. Aos dez anos, emigrou com a família para o Brasil. Viveram algum tempo em São Paulo, capital, até se estabelecerem em Ibirá, no noroeste paulista. Depois, Elias foi comerciante em Espírito Santo (atual Marapoama) e contador em Cedral. Passou um tempo em Campos do Jordão, para se curar de uma tuberculose, e lá se dedicou à fotografia como profissão e paixão. Em 1930 mudou-se para Belo Horizonte, já casado com Olinda: o casal teve dez filhos, oito homens e duas mulheres. Na capital mineira abriu sua primeira Photo Elias - uma loja especializada em fotografias, revelações, câmeras e filmes. Criou a Indústria Fototécnica Brasileira, especializada em equipamentos fotográficos. Entre os lançamentos, um revolucionário microlaboratório de revelação e uma câmera fotográfica que, concorrendo com as multinacionais, teve quase 200 mil unidades vendidas. Nos anos 70 e 80 Elias Aun chegou a ter uma rede de dez lojas na capital mineira - um dos maiores empresários do setor no País. Faleceu em Belo Horizonte, em 7 de julho de 2005, a poucos dias de completar 103 anos de idade.